sábado, 20 de setembro de 2008

Sonzinho na Penumbra

Escutei algumas músicas interessantes que parecem ter sido especialmente criadas para a pseudo-depressão que assola certos recém-divorciados. Tem “Long Time” e “I hate myself for lovin’ you”, ambas da Joan Jett. Tem “Middle of the Road”, dos Pretenders. “I’m the Man”, do Joe Jackson. Muita coisa dos anos 1980. Faz bem par mente. Apesar do prazer em escutar tais clássicos, a impressão é de que o tempo está passando de maneira irregular, alternando uma rapidez em momentos de problemas a serem resolvidos, e uma lentidão atroz assim que cai a noite.

The Dick is on the Table...

É em meio à choradeira de uma criança desconhecida da 109 Norte que inicio estas notas. Ia começar dizendo que sou mais um divorciado dentre os milhares deste planeta, mas achei que os berros da tal criança – que, aparentemente, não quer ir ao médico – daria mais cor à coisa toda. Sabem como é: um pano de fundo.
Mas o fato não muda: sou um homem divorciado. Um dos milhares neste país. Nos separamos em setembro deste ano (2008) e os papéis do divórcio devem sair até o ano que vem. Além disso, ainda tem a papelada de anulação junto ao Vaticano, pois nos casamos em uma cerimônia religiosa. Isso foi em novembro de 2003. Mesmo divorciado, tem muito chão pela frente. Muita decisão, muita dor de cabeça e muita fúria. Uma guerra se arma à minha frente, e eu sequer conheço o inimigo.

Promoção

Chore um pouquinho mais por causa do seu divórcio e ganhe alguns dias de vida extra. Chore pelo fato de não ter alguém para encher o teu saco toda vez que você deixa de fazer algo que prometeu. Chore por todas as refeições de final de semana que não serão servidas por uma mulher. Chore por ninguém entrar em casa à noite, anunciando que está cansada e que quer um misto-quente no capricho e algumas horas de televisão. Chore pelos itens que desaparecerão de sua lista de compras aos sábados (i.e. chocolate Ouro Branco, suco de manga, suco de uva, condicionador da Phytoervas, queijo Brie, pão-de-queijo congelado, etc.). Chore por não ter com quem conversar nos finais de semana, que, aliás, você vai ter de “reconstruir”. Chore para não chorar por coisas absurdas, tais como a conta do celular que não veio no dia certo ou o iogurte do supermercado que veio aberto. Derrame um oceano de lágrimas por ter de recomeçar algo que nunca será igual.