sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Los Buraquitos Infernales

Não raro tenho vontade de pegar a primeira moça que achar na rua e levar pra casa (ou, se a vontade for grande, executar o serviço no carro mesmo). As opções nem são poucas, mas todas merecem um estudo prévio; até porque não vou ser débil mental a ponto de entrar em outro romance. Isso sem falar no fato de não querer pegar dragão para ter de salvar algum reino ao qual não pertenço. Até fiz uma lista de mulheres; o tipo de lista que o sujeito faz em momentos de euforia exagerada. Tinha até título: “Estudo Inocente Acerca de Buracos Negros”. Bobo, muito imaturo. Mas nela constava uma dezena de muchachas, cada uma com um “nível de dificuldade” próprio, com uma especialidade e um sacrifício correspondente. Mais uma vez bobo e imaturo.
Lembro do dia em que mostrei a famigerada listinha, rascunhada em um pequeno pedaço de jornal com caneta PaperMate Futura preta, para o não menos famigerado El Brujo. Estávamos tomando uma cerveja na Rappel e ele disse:
“Isso vale ouro, cara...”
Perguntei porquê.
“Isto daqui mostra que você está passando por fases nessa história de divórcio.”
Novamente perguntei porquê.
“Cacete, sei lá, porra. Mas isto é bem legal. Uma listinha com mulheres que podem substituir a tua tensão e abrir os portões de uma nova fase nessa tua vida de pacotilha. Sacou?”
“Saquei.”
Não, não tinha sacado, mas era divertido e parecia fazer algum sentido. Afinal, cedo ou tarde, eu arranjaria alguém: namoro, flerte ou apenas sexo. Era uma simples questão de tempo. Até lá, era escutar mais El Brujo e pedir mais uma cerveja.