quinta-feira, 13 de novembro de 2008

A tal amizade nessas horas...

Não que eu tenha passado a informação pela rede de computadores ou feito das tripas coração para que um pequeno texto explicativo fosse publicado no Diário Oficial. Poucos souberam da separação e do divórcio. Alguns já vinham observando a situação (de perto ou de longe); outros souberam por mim ou pela ex. Mas o fato é que a maioria dos nossos conhecidos só soube meses depois. Convenhamos: não é algo que você anuncia da mesma maneira que o faz quando alguém nasce ou veste o paletó de madeira. E mais: alguns pouco ligariam pra isso.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Acabou em pizza...

Oficializamos o divórcio em um cartório da Asa Sul. Estavam presentes as partes interessadas, as testemunhas, a advogada e os demais oficiais de justiça. O escrevente tinha um nome estranho. A operação custou 60 mangos – com direito a piadinha do responsável pelo caixa do cartório. Também fizeram piadinhas – que, estas sim, surtiram mais efeito – o escrevente (que, aliás, era a cara do vilão do novo filme do 007...) e a advogada. A papelada só tinha um longo páragrafo, com palavras que nem eu utilizaria em meus textos.
Piadinha vai, piadinha vem, e tivemos de marcar um novo encontro no cartório para assinar tudo novamente; isso porque, segundo o tal vilão do 007, um livro de registro de cartório só pode ter, no máximo, 200 páginas, e a nossa papelada continha as páginas 201 e 202. São os tais grandes perfumes nos tais pequenos frascos. Em outras palavras, menos fashion, pequenos detalhes que criam grandes merdas e enormes dores de cabeça.
O fato é o seguinte: sou oficialmente mais um divorciado em Hardcore Brasília.
À noite, já no apartamento, que ainda dividimos, comemoramos o fim da papelada com uma deliciosa pizza metade vegetariana, metade calabresa. Eu paguei.

Operação Vácuo do Divórcio

Eu estava na casa do Bruxo, comendo um sanduíche de salaminho e bebendo Mate Leão, quando adentramos, ao som de Judas Priest, um terreno jamais explorado por nossas mentes no que concerne ao divórcio. O fato é que não raro eu me sinto catapultado para uma dimensão monótona, sem barulho, movimento ou sensação de perigo. Nada acontece e a imobilidade me parece normal. Nada me vem à mente quando penso no futuro. Tento viver um dia de cada vez, evitando planos e fomentando sonhos. Às vezes é um saco; às vezes é apenas uma sucessão de pensamentos que não fazem muito sentido. Dane-se: isso tudo deve fazer sentido em algum momento.
Comi mais um sanduíche. Depois descemos e fomos beber uma cerveja no boteco.

Meus Quatro Dias Sozinho

A ex viajou. Foi pra São Paulo a trabalho, com direito a hospedagem no Hilton. De minha parte, ainda estava saindo de um quadro de febre e sinusite, mas já apresentava sinais de calmaria, a ponto de sair todo dia para resolver algum assunto. Assisti a filmes, desenhei, escutei música, baixei muita porcaria da internet, saí para beber no sábado em bares freqüentados por hippies e pagodeiros, falei muita besteira (isso não muda tão rápido assim depois de um divórcio), comi no Sky’s, escrevi, arrumei a casa, lavei a louça.
No domingo, após mais um temporal, saí em direção ao aeroporto para buscar a ex. O lugar estava apinhado, eu estava cansado. Comprei uma Coca-Cola e fiquei observando os casos bizarros da normalidade social: velhos com pigarro, crianças obesas, peruas de plástico com seus Blackberries bling-bling. Um circo a cada cinco metros.
O avião chegou no horário. A ex estava cansada. Eu ainda estava cansado. Durante o trajeto de volta, ela falou e eu permaneci calado, emitindo um grunhido aqui e ali.
E assim acabaram meus quatro dias de solidão.