sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Sol, mulheres, cerveja e um universo de ilusões

Estou em Pitboyland. O vôo foi uma merda, após uma temporada de quatro horas em um aeroporto de merda com uma organização de merda. Seis meses atrás, com o divórcio orquestrado, o plano era passar as festas de fim de ano nesta cidade litorânea abençoada com uma vista linda, uma cerveja gelada e uma população de imbecis alienados medrosos. O dito plano, como era de se esperar, foi por água abaixo, na certa sabotado por alguma Iemanjá invejosa. Nada de apartamento vazio, nada de horas noturnas grudado em algum canal da TV a cabo, nada de comer sanduíches de pernil do Clipper o saborear um bolinho de aipim no café da manhã. Nada de levar mulher pra casa, ou convidar os VIPs para ver a queima de fogos em uma sala de frente para a fronteira Ipanema-Leblon. A esbórnia foi para o beleléu, e sequer mandou um cartão postal.
A ordem do dia é esquema família, a pior tortura para um recém-divorciado e seus mirabolantes planos de priapismo, bebedeira e anotações desconexas ao longo do dia. Visita a museus, tempo para descascar ovos de codorna e castanhas, tempo para acompanhar alguém até o supermercado, tempo para ouvir, pela enésima vez, as brincadeiras, reclamações e cobranças por parte de todos. Para completar a visão de Apocalipse, é gente falando sobre dinheiro, parente racista cobrando uma vaga no serviço público e um sem-número de desconhecidos que passam por mim tal qual personagens de algum filme ruim de Coppola.
Até arranjo tempo para tomar um chopp com um amigo em algum pub deserto – coisa raríssima em tempos de invasões bárbaras. Mas não é a mesma coisa. Não tenho tempo para pensar. Não tenho tempo para escrever algumas linhas. (continua...)