terça-feira, 28 de julho de 2009

Uma Questão de Matizes

Já passava da meia-noite em Pitboyland. Havia chovido um pouco, e ventado um pouco. Eu me preparava para tombar na cama quando recebi o telefonema de El Brujo, Sumo-Sacerdote do Rock em Hardcore Brasília. O homem estava desesperado.
“Cara, está tudo perdido! Acabou, cara! Acabou!!!”
“Calma, El Brujo. O que aconteceu?”
“Eu não sei cara. A coisa toda apenas aconteceu. Num momento estava tudo funcionando normalmente. E na manhã seguinte, o caos começou com força total!!!”
“Como assim?!”
“Minhas partes baixas estão uma bagunça, cara! Minhas bolas estão vermelhas, minha virilha está com alguma espécie de urticária, sei lá, cheia de bolotinhas ou espinhas! Maldito seja o sexo ocasional, cara! Chegou minha vez, cara, eu sei que chegou!!! Meu pau vai cair!!!”
“Calma aí! Você tá sentindo muita dor ou viu algum sangramento?”
“A coisa toda tá coçando sem parar! Não sei o que diabos fazer, cara!”
“Você tem Minancora em casa?”
“Minotauro?”
“Não, seu débil mental, MINANCORA! Aquele pote pequeno laranja com o desenho de um marinheiro!”
“Sei lá, porra! Peraí, deixa eu ver se tenho isso lá no banheiro, te ligo daqui a pouco...aiiii...”
Uns cinco minutos se passaram, durante os quais pensei nos meus problemas com as mulheres e minhas pseudo-angústias acerca do sexo ocasional. Talvez um divorciado como eu devesse mesmo ser enviado para alguma caverna longe da civilização e das mulheres. Eu estava a ponto de desenvolver tal projeto quando – feliz ou infelizmente – o telefone tocou novamente.
“Ei, sou eu. Eu encontrei o tal do Minotauro e...”
“Minancora...”
“Isso. Uma pomada, né? Pois é: lambuzei aquilo tudo na região afetada. Ardeu um pouco, mas acho que aliviou aos poucos. Tomara que melhore. Acho que era uma assadura ou algo do tipo. Achava que isso só dava em criança. Agora minhas partes baixas estão tão brancas que mais parecem o rosto do Marcel Marceau. Enfim: valeu, cara. Você salvou meus dias novamente. Te devo mais essa. Talvez mande aquele meu bootleg raro do AC/DC pelo Sedex. A máquina vai voltar à ativa, cara!”