quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Mais um Irlandês de Chinelos

Liguei para El Brujo para reclamar da vida e contar as novidades em Pitboyland.
“Então, já encontrou alguma gatinha na praia?”
“Não tive tempo pra isso. Mas comprei uma Havaianas nova.”
“Já foi tomar cerveja naquele pub da Paul Redfern?”
“Também não, mas acho que vou hoje. Aposto que vai estar cheio de gringo.”
Nesta época do ano, os gringos tomavam conta do pedaço. Com ou sem crise, se transformavam em urubus e se juntavam à fauna jovem de Pitboyland, atrás de sexo, cerveja, diversão e exemplos de “você-sabe-com-quem-está-falando” em festas e comemorações coletivas. Com o calor beirando os 38 graus – e mesmo com a probabilidade de temporais para o réveillon –, eu saí para tomar cerveja gelada em algum lugar aberto. Já no caso do pub, a história era diferente. Minha situação de divorciado pouco importava dentro de um lugar abarrotado de estrangeiros e mulheres libidinosas. Eu entrava no pub, sentava em uma das raras mesas vagas, era invariavelmente confundido com algum gringo, pedia um chopp e permanecia no local uma ou duas horas. Bebia umas cinco ou seis canecas, pensava na vida, imaginava os problemas que viriam já em janeiro, e pronto: pagava e voltava pra casa.
“E a virada? Vai passar como?”, perguntou El Brujo.
“Ainda não sei. Tenho algumas opções. Todas elas equilibradas.”
“Sei...”
“Pois é, não quero ficar em casa como um pobre coitado.”
“Tá certo. Vai à luta, caso contrário passam por cima de você...”
“Isso...”
Era muito fácil falar com El Brujo.