quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Comunicação Interrompida

Só liguei uma semana depois. A história já estava enchendo o saco e queria tirar aquilo a limpo. Não houve preparação alguma, não respirei fundo, sequer pensei nas conseqüências. Apenas disquei os números e esperei alguém atender.
"Alô."
"Sim, boa tarde. Poderia falar com (nome), por favor?"
"Quem gostaria?"
"Um amigo..."
Ouvi uma conversa abafada ao longe, em seguida o barulho característico de quem pega o aparelho de telefone com movimentos bruscos.
"Alô."
"Oi, tudo bem?"
"Oi..."
E a conversa começou. Para minha surpresa, tudo não passou de um susto; uma daquelas fases em que a pessoa quer ficar sozinha, pensar na vida, listar os problemas e tentar achar alguma solução. Ela disse que ia me ligar. Claro. Elas sempre iam te ligar. Meia hora mais tarde, estávamos tomando chopp e caipirinha em um boteco barulhento da Asa Sul. mas foi só. No dia seguinte, mais desculpas. Teve de sair para tal lugar, para comprar tal coisa, esqueceu o celular em casa, foi uma correria. Já estou acostumado.
Não nos vimos mais. E não houve outro telefonema.

Uma Questão de Matizes (Parte 2: Great Balls ON Fire...)

Novo telefonema de El Brujo no meio da noite, entre um texto e outro.
"Cara, o Minotauro não adiantou. Acordei com a mesma ardência, e parece que agora a coisa toda cai mesmo, cara!"
"Minancora. Ok, ok. Acho que achei a solução. Tem um remédio chamado Dermodex Tratamento. É uma pomada. Parece que é tiro e queda..."
"Espero que não..."
"Você entendeu. Pode transformar tuas partes baixas em clone do Marcel Marceau novamente, mas aplica uma camada generosa. Em 24 horas, você vai estar curado. Parentes meus garantiram."
"Cacete! Mais uma pomada?! Já foi patético passar aquela outra gosma, agora você me vem com uma história de ‘camada generosa’?! Isso é tortura, cara!!"
"Não é tortura, é sacrifício por um objetivo maior. Dermodex. Mas vê se compra o genérico, ok?"
"Ok. Droga."
Uma hora mais tarde.
"Ainda bem que a farmácia aqui do lado é 24 horas."
"Agora passa isso e vai dormir."
"Isto daqui não arde?"
"Só por alguns segundos, depois deixa a coisa anestesiada."
"Pra sempre?..."
"Vai dormir, cara..."
"Ok. Valeu mais uma vez."
Algumas pessoas não sabem onde metem o pau. Outras não sabem o pau que tem. E ainda tem aquela pessoa que merece um pau por cada pecado cometido.
Para todas as outras, existe Visa.