sábado, 28 de março de 2009

Tirou Sangue e foi ao Cardiologista...

Foi um dia mais corrido que os demais. Acordei cedo para fazer exame de sangue: enquanto a enfermeira espetava a agulha no meu braço, algum desses animadores inúteis tocava uma bossa-nova no violão na recepção. Aí fui para o consultório do cardiologista. A primeira em 35 anos.
O consultório tinha umas sete secretárias. A televisão estava ligada em um programa de variedades da Rede Record, no qual os apresentadores falavam sobre a atuação de Luciano Zafir em uma das novelas do canal, e davam a receita de uma mousse de maracujá. Duh. Mas o ápice do programa foi mesmo a reportagem sobre a verve musical do publicitário/debilóide Roberto Justus. O sujeito estava em um palco cantando “Just a Gigolo” (sem comentários) para um público de mulheres bonitas, hipnotizadas, sorridentes e desprovidas de cérebro. Após os aplausos de praxe, o repórter pergunta para o clone tupiniquim de Donald Trump se ele iria investir na carreira (de cantor, caro leitor...). Ao que Justus responde pela afirmativa, completando que, em um ano, a realização de uma turnê não estaria descartada. Good Lord. É a crise mostrando seu lado mais medonho.
O médico disse que minha pressão estava ótima, mas me pediu para voltar na semana que vem e fazer aquele teste do esforço, que consiste em andar em uma esteira durante algum tempo e realizar um eletrocardiograma ou coisa que o valha. Foi então que o mesmo cardiologista olhou para o meu primeiro pedido de exame de sangue e soltou a melhor: “...ah, tá faltando um item no pedido. Desce no laboratório lá embaixo e pede para eles colherem mais material...”. Danou-se. Lá fui eu visitar mais vampiros. Mais uma agulha, no outro braço, e dessa vez sem trilha sonora débil mental (na certa estava almoçando...). Ah, sim: enquanto estava esperando a consulta com o cardiologista, resolvi afanar – pegar emprestado – uma revista de golfe. não jogo golfe mas estou precisando de um par de luvas para os ensaios com a banda. Fã de Phil Rudd não raro é fã de Phil Rudd nos mínimos detalhes.
Almocei McDonald’s (i.e. entupidores de artérias) sem remorso algum. Joguei fora as mangas que apodreceram.
Fora isso, fiquei esperando a hora do ensaio das quintas escutando rádio e lendo os jornais. Xuxa tem orgasmos múltiplos. Madonna foi às compras, quer dizer, às adoções em algum país africano. Um pai matou o próprio filho ao socar a cabeça do mesmo (lembrei de um diálogo do personagem de Al Pacino no genial “Heat”...). A dona da Daslu foi para o xilindró comandado pelo PCC (um banhozinho de realidade nunca é demais, madame...).
À noite, fui ensaiar. Além das composições próprias, tocamos bons covers: “Middle of the Road” (Pretenders), “Here Comes the Rain Again” (Eurythmics), “Nada Tanto Assim” (Kid Abelha), “Blood Stains” (Agent Orange). Bebi duas latinhas de cerveja. Chegando em casa, tomei um banho, comi um Miojo e telefonei para El Brujo: o creep estava no Beirute da Asa Norte, completamente fora de si, aos gritos de “horrível, madame” (frase-símbolo de Clodovil Hernandez...). Desligou na minha cara. Ainda escutei um pouco de Brasília Super Rádio FM, e capotei na cama.

Um comentário:

dani disse...

melhor do que o original neh... hahahahaha