segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Carta Aberta ao meu Anjo da Guarda

Caro e Alado Senhor,
Venho, por meio desta, expressar minha surpresa ante uma série de questionamentos ocorridos esta semana, por ocasião de mais uma rodada de cervejas com conhecidos no Beirute da Asa Norte. O fato é que começamos a falar sobre a questão de um anjo da guarda em nossa vidas; e isso independentemente de alguns serem religiosos e outros, ateus convictos. Quando chegou a minha vez de dar minha humilde opinião, a coisa toda foi para o mais absurdo dos beleléus.
Afirmei acreditar, por muito tempo, que meu anjo da guarda era um tal de Uriel (ou Zuriel, dependendo da fonte...). Este último, cujo nome significa "Fogo de Deus", tem bom currículo: querubim, Regente do Sol, Chama de Deus, anjo da presença, responsável por Tartarus (Hades, o Inferno; algo como um carcereiro-mor, responsável pelo aprisionamento dos demônios,dos anjos caídos e afins...), arcanjo da salvação, o mais importante dos anjos no Dia do Julgamento, regente do mês de setembro, anjo que comanda o trovão e o terror; dizem que ajudou a enterrar Adão e Abel no Paraíso, e que foi o anjo que entregou a Noé a mensagem dando conta do Dilúvio próximo. Foi reprovado no Concílio de Roma em 745, mas agora é Santo Uriel, cujo símbolo é uma mão aberta segurando uma chama.
Nada mau, penso eu, para um anjo da guarda.
Mas aí, semanas atrás, recebi um desses emails que me davam a oportunidade de conhecer quem era meu anjo da guarda. Fiz o teste, meio desconfiado das perguntas, e surpreso fiquei quando o resultado deu um anjo de nome Kamael (ou Camael, ou Camiel, ou Kemuel, ou Camniel, ou Cancel, ainda dependendo das fontes...). E olha que esse também não é de se ignorar.
"Aquele que vê Deus" (este é o significado do nome), Kamael é chefe da Ordem dos Poderes e um dos sefiroth. Oriundo das regiões ínferas e possuidor do título de Conde Palatino (ou do Palatinado...), Kamael, quando invocado, surge na forma de um leopardo no topo de um rochedo. Ele personifica a justiça divina, é senhor do planeta Marte e, segundo a mitologia dos Druidas, é Deus da Guerra. Para alguns, é o anjo que lutou com Jacó, para outros, identificado como Gabriel, o anjo que apareceu ante Jesus para Lhe dar força durante Sua agonia no Jardim de Gethsemane.
Importante, não?
De qualquer forma, só tenho a agradecer ao meu anjo da guarda por eu ainda respirar e não ter batido as botas em algum acidente de trânsito, ou por causa de bala perdida, ou até em razão de algum acidente doméstico. As oportunidades, o senhor sabe bem, não faltaram. Só por isso, repito, lhe sou infinitamente grato. Espero, ademais, que tal relação dure por anos a fio.
Atenciosamente,
K.

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