sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Mas como ia dizendo...

Eu e El Brujo abrimos uma cerveja. Já passava da meia-noite, o ar estava abafado e Noel Coward despejava uma canção tesuda em meio a livros, discos, contas atrasadas, recortes de jornais e objetos insólitos. A vida certamente tinha seus momentos de revolta, mas isso não a impedia de ter seus minutos de esplendor.
“Isso é único...”, suspirou El Brujo após um gole.
“Com certeza. Eu baixei algumas coisas dele...”
“Eu quase não acho discos desse sujeito em Hardcore Brasília.”
“Ou do Bobby Short...”
“É, mas acho que tenho uma fita com uma gravações do Short no Carlyle...”
“Sei, já ouvi. Eu até procurei um DVD na Barnes&Noble mas não tinha no estoque.”
O silêncio se fez novamente, em respeito a Coward. Mas aquela era Hardcore Brasília, e até pessoas geniais tais como Noel Coward e Bobby Short precisavam arregaçar as manguinhas para serem respeitadas pelos temíveis hombres candangos.
“Que calor filho-da-puta, hein?!”, vociferou El Brujo.
“Ainda bem que existe cerveja gelada.”

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